30 profissionais assistentes sociais que atuam em sete municípios da Região Rio Vermelho trocam experiências profissionais e vivências durante encontro realizado pelo CRESS Goiás e NUCRESS Rio Vermelho. Visando evitar perseguições políticas decidimos nos utilizar do sigilo da fonte e preservar a autoria de algumas falas.
“As violações de direitos e os desafios para o Serviço Social na Pandemia (Covid-19)” foram tema de reunião realizada pelo Conselho Regional de Serviço Social – CRESS Goiás, em parceria com o seu núcleo de base na região noroeste do estado, o NUCRESS Rio Vermelho. Participaram cerca de 30 profissionais assistentes sociais que atuam em Britânia, Cidade de Goiás, Faina, Itapirapuã, Itapuranga, Jussara e Mozarlândia, além de conselheiras e assessores do Conselho.
A troca de vivências e experiências foi extremamente rica, com relatos das coisas boas e exitosas, mas também com o apontamento de graves problemas que têm afligido as e os profissionais no dia-a-dia do trabalho.
A unanimidade positiva foi a realização da reunião em si, considerada “ótima iniciativa” do CRESS, por permitir uma integração difícil de ocorrer nesse momento. “A pandemia tirou a proximidade e o vínculo que o presencial permite”, destacou a assistente social Nayana Caetano, da Cidade de Goiás.
“A pandemia nos sobrecarrega, nos adoece. O trabalho remoto é uma loucura. É e-mail, whatsapp profissional e pessoal. Estamos exaustas! Daí a importância de nos organizarmos coletivamente, participar de momentos de formação como esse. Do contrário, ficamos só nas demandas imediatas, sem refletir sobre o nosso trabalho”, expressou Euzamar Ribeiro de Oliveira, Supervisora de Campo no IFG/Câmpus Cidade de Goiás.
Entre os problemas comuns relatados, com raríssimas exceções, estão os baixos salários pagos pelas gestões municipais; a ausência de concursos públicos e a sua substituição por contratos temporários com remuneração diferenciada, se comparada à de servidores concursados; além do descumprimento das 30 horas semanais.
Outra preocupação salientada é com o atual subfinanciamento ou, mesmo, o desfinanciamento da política pública de assistência social no País, com consequências terríveis para a população mais vulnerável nos municípios. “Há um verdadeiro desmonte dos serviços públicos, resultante de uma política deliberada do atual governo federal”, denunciou a Conselheira-presidente do CRESS Goiás, Nara Costa.
Ficou evidenciado ainda que na maioria das cidades há déficit de pessoal para a execução da política social. Também foi denunciado que determinados gestores mantêm a velha prática de fazer proselitismo político, passando por cima da legislação. Com isso, querem exigir que assistentes sociais desempenhem tarefas que as/os desviam de suas atribuições legais e desrespeitem o código de ética da profissão. Uma das profissionais, demitida por ingerência política, desabafou: “Estão fazendo politicagem na secretaria. Me demitiram. Eu arrumo outro trabalho! Fazer coisa errada eu não vou fazer”, frisou.
Uma profissional revelou que o prefeito e a secretária de assistência social de uma das cidades têm tentado exigir das assistentes sociais que tirem fotos e exponham a vulnerabilidade social de pessoas, tendo como objetivo fazer propaganda. “Não valorizam o nosso papel”, contou, indignada.
Outra situação, envolvendo município que concentra todo o atendimento socioassistencial em um único Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, ressalta o exagero de demandas oriundas de instituições como o Ministério Público e a Polícia Civil, que deveriam ter profissionais assistentes sociais concursados em seus quadros.
Nos emocionou a todos o relato da assistente social Maurinete Borges de Oliveira, que teve Covid-19 e passou 11 dias internada. “Eu estava no trabalho. Trabalhamos com EPIs. Peguei Covid sem saber como nem de quem. E quase morri”, falou.
Sistematização e encaminhamentos
Membras da Comissão de Trabalho e Formação do CRESS Goiás, as professoras Omari Ludovico Martins e Darci Roldão, atuaram como educadoras durante todo o encontro, tomando nota e fazendo perguntas que as ajudarão a compreender melhor as questões e a contribuir na construção coletiva de alternativas e respostas.
Darci chamou a atenção para o fato de que a exploração é algo intrínseco ao capitalismo e que dentro desse sistema só é possível conquistar alguma coisa com muita luta. Omari propôs que esse tipo de reunião seja periódica, o que foi acatado por todes.
Todo o relato, denúncias e questionamentos serão sistematizados pela assessoria e direção do CRESS e, junto com informações das outras regiões do estado, formarão base para ações do Conselho junto aos poderes públicos municipais, Ministério Público, Polícia Civil e Poder Judiciário.
Talvez a opinião da assistente social Kênia Nunes consiga resumir o sentimento de todes que participamos da reunião. “Estou feliz em partilhar conhecimentos”. O encontro foi realizado dia 5 de outubro, à tarde, de forma remota, por meio da plataforma Google Meet.
Foi mesmo uma tarde e tanto!
ACESSE AQUI A 29 PRINTS DO ENCONTRO DO CRESS GOIÁS/NUCRESS RIO VERMELHO
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CRESS Goiás
Assessoria de Comunicação
Cláudio Marques – DRT 1534